jueves, 27 de marzo de 2014

Aonde o vento me levar




... "Fathma era apenas una menina e talvez ainda tivesse um sorriso inocente. Nâo mascava chicletes e o brilho ainda nâo lhe tinha abandonado o olhar. Mas alguém, um soldado, reparou nos botôes bonitos que ela tinha a nascer no peito e concluiu, primero, que Fathma podia començar a ser mulher; despois, que Fathma também podia ser soldado e matar.
      Enquanto contava isto, Fathma mascava mais e mais depressa a sua chiclete.Antes de sair pela porta sem, sequer, olhar pra mim,disse algo que nâo esquecerei: "Em todas as guerras há um momento em que as explosôes cessam por um instante. Parece que o pó se imobiliza e que todo o ar é sugado para dentro de si mesmo. Nem os gemidos dos mutilados se escutam. Fecham-se os olhos, apagam-se os sentidos quase todos, respira-se fundo e sente-se um leve peso no peito. É uma espécie de paz e espera-se insensatamente que tudo acabe, que nâo recomece mais, mesmo que se esteja já morto. Mas a trégua é breve e efémera e logo voltam os estampidos, os gritos, as rebentaçôes, o crepitar das árvores quebrando-se. Nâo importa se se morre ou se se mata, desde que acabe. Sabe-se que o inimigo já nos tomou por dentroe que a guerra está entranhada dentro de nós. É isto a loucura.""


es este, un pequeño fragmento de la novela "Aonde o Vento Me Levar" del escritor portugués, Manuel Jorge Marmelo, publicado por la editorial Quetzal. me ha parecido magnífica, de esas obras que lees y lees y no puedes dejar hasta que llegas al fin, de esas, de las que guardas un buen recuerdo y la conviertes en uno de tus libros preferidos, de esas que lo tienen todo: te hace reir, te arruga el corazón, o te deja en silencio, como me ocurrió al leer este trocito. Marmelo ganó merecidamente el premio de Correntes d'Escritas de este año. Me pareció esta una buena forma de darle un abrazo a Manuela.  

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