jueves, 18 de noviembre de 2010



Una novela increíble de Paulina Chiziane, Niketche, publicada por la editorial Ndjira, de nuestro querido Celso Muianga. Me tiene totalmente enganchada, me gusta todo, así que no sé que trocito poner. Espero que les guste este. La gata (he decidido que sea gata) me la regaló Imna.

"Até na bíblia a mulher nâo presta. Os santos, nas suas pregaçoes antigas, dizem que a mulher nada vale, a mulher é um animal nutridor de maldade, fonde de todas as discuôes, querelas e injustiças. É verdade. Se podemos ser trocadas, vendidas, torturadas, mortas, escravizadas, encurraladas em haréns como gado, é porque nâo fazemos falta nenhuma. Mas se nâo fazemos falta nenhuma, por que é que Deus nos colocou no mundo? E esse Deus, se existe, por que nos deixa sofrer assim? O pior de tudo é que Deus parece nâo ter mulher nenhuma. Se ele fosse casado, a deusa -sua esposa- intercederia por nós. Através dela pediríamos a bênçao de uma vida de harmonia. Mas a deusa deve existir, penso. Deve ser tâo invisível como todas nós. O seu espaço é, de certeza, a cozinha celestial.

Se ela existisse teríamos a quem dirigir as nossas preces e diríamos: Madre nossa que estais no céu, santificado seja o vosso nome. Venha a nós o vosso reino -das mulheres, claro-, venha a nós a tua benevolência, nâo queremos mais a violência. Sejam ouvidos os nossos apelos, assim na terra como no céu. A paz nossa de cada dia nos dai hoje e perdoai as nossas ofensas -fofocas, má-língua, bisbilhotices, vaidade, inveja- assim como nôs perdoamos a tirania, traiçâo, imoralidades, bebedeiras, insultos, dos nossos maridos, amantes, namorados, companheiros e outras relaçôes que nem sei nomear... Nâo nos deixeis cair na tentaçâo de imitar as loucuras deles -beber, maltratar, roubar, expulsar, casar e divorciar, violar, escravizar, comprar, usar, abusar- e nem nos deixes morrer nas mâos desses tiranos, mas livrai-nos do mal, ámen.

Una mâe celestial nos dava muito jeito, sem dúvida alguma.

Acabei de aprender a liçâo da vida. História de um amor só, um amor imortal? Balelas! Uma cançâo de poetas. O amor solta-se do peito e corre perdido como uma pedra rolando no desfiladeiro. Amar uma vez na vida? Tretas. Só as mulheres, eternas palermas, engolem esta pastilha. Os homens aman todos os dias. Em cada sol partem à busca de novas paixòes, novas emoçôes, enquanto nós ficamos a esperar eternamente por um amor já caduco. Todos os homens sâo polígamos. O homem é uma espécie humana com vários coraçôes, um para cada mulher."

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