lunes, 28 de febrero de 2011



In-descriptible.

Joao Paulo Cuenca. comparto un trocito de su novela.

"O Sr. Okuda ficou irritado e disse que nao poderia ser, porque os mais jovens têm a pele menos enrugada e sao mais saudáveis, o que quer dizer que demoram mais para morrer. Preguntei por que isso acontece e o Sr. Okuda explicou que é porque os jovens têm menos passado e que a vida estraga os seres humanos conforme o tempo avança, e nada pode parar o tempo.

Nao sei muito bem o que é o tempo.

O Sr. Okuda tentou me explicar e disse que o tempo é o que separa o passado do futuro, e que para medi-lo existem aparelhos como relógios e calendários, que sao como pequenos calabouços, porque ninguém pode escapar do tempo, que é a única coisa que iguala todos os seres humanos, junto com a morte, claro, que anda de maos dadas com o tempo -o tempo todo.

E o Sr. Okuda ainda me contou que se diz a palavra "agora" quando o passado se encontra com o futuro, nesse momento, nesse outro, no próximo e por aí vai, sempre na fronteira, fina como un fio de cabelo, entre duas pedras muito parecidas: o que ainda é e o que nao mais será.

O nome dessa fronteria é tempo, disse o Sr. Okuda.

Ainda sem entender muito bem o que era o tempo, perguntei ao Sr. Okuda o que era a morte, que me parece ser a mesma coisa, só que dita de uma forma diferente. O Sr. Okuda deu um longo gole no chá, reclamou que estava mais frio do que deveria e depois dissi que a morte é como nascer ao contrário, ou seja, voltar ao que se era antes de nascer".

Ed. Caminho. "o único final feliz para uma história de amor é um acidente". Joao Paulo Cuenca.

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